Durante a semana que passou cumpriram-se 90 anos sobre a data de nascimento de Sebastião da Gama, poeta e professor. Já aqui o recordei no Dia Mundial da Poesia, mas é oportuno e justo voltar a lembrar este grande poeta português.
Sebastião Artur Cardoso da Gama, de seu nome completo, nasceu em Vila Nogueira de Azeitão no dia 10 de Abril de 1924 e viria a falecer a 7 de Fevereiro de 1952, vitima de tuberculose, contava apenas 27 anos.
Licenciado em Filologia Românica, foi professor de português em Lisboa, na Escola Industrial e Comercial Veiga Beirão, em Setúbal, na Escola Industrial e Comercial (hoje Escola Secundária Sebastião da Gama) e, em Estremoz, também na então Escola Industrial e Comercial.
Guardo sempre em local acessível o seu Diário, para ler e reler, um notável testemunho e reflexão sobre o ensino e a vida, admiravelmente actual, passados mais de 60 anos.
Sebastião da Gama foi um ser humano ímpar, um poeta extraordinário. Um pouco esquecido, é certo, mas sempre o eterno poeta da Arrábida, essa serra maravilhosa! A sua dedicação à serra inspirou, inclusive, a criação da primeira associação ambiental em Portugal, a LPN-Liga para a Protecção da Natureza.
Creio que é adequado assinalar os noventa anos do seu nascimento, neste mês de Abril do ano de 2014, com o poema Meu País Desgraçado:
Meu país desgraçado!…
E no entanto há Sol a cada canto
e não há Mar tão lindo noutro lado.
Nem há Céu mais alegre do que o nosso,
nem pássaros, nem águas…
Meu país desgraçado!…
Porque fatal engano?
Que malévolos crimes
teus direitos de berço violaram?
Meu Povo
de cabeça pendida, mãos caídas,
de olhos sem fé
— busca, dentro de ti, fora de ti, aonde
a causa da miséria se te esconde.
E em nome dos direitos
que te deram a terra, o Sol, o Mar,
fere-a sem dó
com o lume do teu antigo olhar.
Alevanta-te, Povo!
Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres,
a calada censura
que te reclama filhos mais robustos!
Povo anémico e triste,
meu Pedro Sem sem forças, sem haveres!
— olha a censura muda das mulheres!
Vai-te de novo ao Mar!
Reganha tuas barcas, tuas forças
e o direito de amar e fecundar
as que só por Amor te não desprezam!
E no entanto há Sol a cada canto
e não há Mar tão lindo noutro lado.
Nem há Céu mais alegre do que o nosso,
nem pássaros, nem águas…
Meu país desgraçado!…
Porque fatal engano?
Que malévolos crimes
teus direitos de berço violaram?
Meu Povo
de cabeça pendida, mãos caídas,
de olhos sem fé
— busca, dentro de ti, fora de ti, aonde
a causa da miséria se te esconde.
E em nome dos direitos
que te deram a terra, o Sol, o Mar,
fere-a sem dó
com o lume do teu antigo olhar.
Alevanta-te, Povo!
Ah!, visses tu, nos olhos das mulheres,
a calada censura
que te reclama filhos mais robustos!
Povo anémico e triste,
meu Pedro Sem sem forças, sem haveres!
— olha a censura muda das mulheres!
Vai-te de novo ao Mar!
Reganha tuas barcas, tuas forças
e o direito de amar e fecundar
as que só por Amor te não desprezam!
(Sebastião da Gama, publicado em Cabo da Boa Esperança, 1947)
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