segunda-feira, 25 de abril de 2016

O 25 de Abril e um dos seus protagonistas

Andrade da Silva, um dos primeiros protagonistas das ações do 25 de Abril, na então Escola Prática de Artilharia, em Vendas Novas e, depois, em Almada/Cristo Rei, apresenta hoje mais uma reflexão sobre esta importante e significativa data recente da História de Portugal:

"Pediu-me, o meu amigo e companheiro de luta, Eduardo Milheiro, para falar do 25 de Abril com que convivi e tenho convivido este tempo todo, estes 42 anos que em termos históricos é um tempo curto, mas nas nossas vidas imenso. Então, era um jovem tenente de 25 anos, passado este lapso de tempo, parece que neste Portugal, ao arrepio de Abril, somos peste, ou, segundo uma nova formulação de Costa Pinto, espuma, e, ainda mais, pela condição de militar.

Todavia e pese embora a desfaçatez desta gente, a minha grande descoberta interior é que o espírito da Revolução do 25 de Abril sempre existiu em mim, pela educação que recebi e o exemplo que em casa tive com o modelo da minha mãe e pai, exactamente por esta ordem, 1º a minha mãe. Era uma mulher, e o meu pai também que irradiavam: CORAGEM, HONESTIDADE, VERDADE, LIBERDADE DE AFIRMAÇÃO, PATRIOTISMO, RESPEITO E AMOR PELO OUTRO,PELOS ANIMAIS, AS PLANTAS, A NATUREZA, e, no caso dela, Deus, no que a segui até aos meus vinte e poucos anos.

Esta foi uma descoberta intemporal e imaterial, isto é, quem vive destes e para estes princípios, em verdade, um dia, tarde ou cedo, revolta-se contra os que são a negação do que afirmam ser e defender, assim, o reconheci com a Igreja Católica e os fascismos, e, assim, também identifico a maior parte da realidade politica construída, sobretudo, depois do 25 de Novembro 1975, com o esmagamento dos militares que João Lacerda, no livro do ano de 1976, identifica como os militares mais próximos do povo explorado, e, porque assim aconteceu?

Na resposta cabe a história/estória/ cronica daqueles e destes tempos, que vou tentar contar-vos
Inicio este texto no dia 18 de Abril 2016, exactamente 40 anos depois de quase ter sido linchado na Madeira, por causa de ter anunciado com os trabalhadores Alentejanos a Reforma Agrária que, de um modo mais profundo, a Constituição de 1976 instituiu.

Constituição que entrou em vigor a 25 de Abril 76, por a termos precedido, fui rotulado de comunista e mandado para a Madeira, depois de, a 13 de Março daquele ano, o general Chefe do Estado Maior do Exército, imperativamente me ter dito que tinha de ir. Como suspeitava que os FLAMISTAS (os independentistas capitaneados ou amados num nível qualquer por João Jardim) me iam tornar a vida viúva -negra até à morte, recusei por duas vezes o embarque, porém, vencido parto e em 26 de Março sou ameaçado de morte pelo suposto chefe operacional dos bombistas, de seu nome Firmino, meu antigo colega. Do facto dou conhecimento ao Brigadeiro Azeredo que me deixa entregue a mim mesmo - que me defenda, depois dar-me-iam todo a apoio. Deram, como me defendi, fui preso no forte da Trafaria, onde, passo o 1º Dia da entrada em vigor da Constituição- 25 de Abril 76, corria o meu sexto dia de prisioneiro que, assim, registo no meu diário:

" Em Portugal a festa da liberdade, ou o enterro da revolução?

Na rádio fala-se em alegria, paz e sei lá mais o quê: homenagem aos homens de Abril. Aos capitães, deve-se mais este segundo ano de liberdade. Se por um lado isto é embriagante que sabor amargo deixa na boca de um que também criou aquela liberdade,e tudo sem a menor hesitação, aos 25 anos de idade, arriscou para a conquistar e colocar ao serviço dos outros, e, agora, jaz preso!

O dia 25 de Abril 1976 foi duro também pelas incertezas que pressinto, inerentes ao processo eleitoral, onde, um grande número de trabalhadores ainda continua agarrado às mil mentiras que a Igreja e o fascismo solidamente cimentaram entre o nosso povo, que sendo dócil, pachorrento não reage, e aceita o que os supostos homens de bem lhes dizem.

Todavia, creio que este povo sabe o que quer, contudo, ainda não se apercebeu que quando um Freitas do Amaral ou um Sá Carneiro lhes dizem que estão com ele e vão resolver-lhes os problemas- mentem, enganam-nos. Mas um dia o povo saberá que o capitalismo vive da exploração e da miséria do povo, e a partir de então nascerá a revolução socialista e popular, isto, sinto-o, por um lado, por outro, a melancolia, a solidão e a angústia da minha prisão.

Estou preso, porque não me deixei matar, porém não ignoro que mil vozes se levantarão para se vingarem de quem em Abril, tão cedo, noite de 24, ainda, pelas 22h 55', ao som da canção "E Depois do Adeus " embrenhou-se no processo, na Revolução do 25 de Abril, que me trouxe a esta prisão, onde, me liquidarão militar e civilmente"

Eis o meu 25 de Abril 1976, depois de ter previsto,após a conversa com o sr. General Eanes, em 13 Março 76, que a mais dura repressão e violência se abateria sobre o povo Alentejano, como veio a acontecer, encerrando-se, em definitivo e de um modo inconstitucional, a Reforma Agrária, nas terras transtaganas com as mortes em Setembro de 1979 de Caravela e Casquinha, este, um jovem de 17 anos."

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25 de Abril de 1974, senha 2

Aos primeiros minutos do dia 25 de Abril de 1974 é dado o segundo sinal, às 0h20 m, quando a canção Grândola, Vila Morena de Zeca Afonso é transmitida pelo programa Limite, da Rádio Renascença, que confirma o golpe e marca o início das operações. O locutor de serviço nessa emissão é Leite de Vasconcelos, jornalista e poeta moçambicano. Ao contrário de E Depois do Adeus, que era muito popular por ter vencido o Festival RTP da Canção, Grândola, Vila Morena fora ilegalizada.


 

domingo, 24 de abril de 2016

24 de Abril de 1974, senha 1



No dia 24 de abril de 1974, um grupo de militares de vários regimentos militares desenvolveram uma ação concertada, comandados por Otelo Saraiva de Carvalho que juntamente com outros oficiais ficam instalados secretamente num posto de comando do MFA no quartel da Pontinha, em Lisboa.

Às 22h 55m é transmitida a canção E depois do Adeus, de Paulo de Carvalho, pelos Emissores Associados de Lisboa, emitida por João Paulo Diniz. Este é um dos sinais previamente combinados que desencadeia a tomada de posições da primeira fase do golpe de estado. 


segunda-feira, 18 de abril de 2016

Bento de Jesus Caraça nasceu há 115 anos



Bento de Jesus Caraça nasceu no Alentejo, em Vila Viçosa, a 18 de Abril de 1901, faz hoje precisamente 115 anos. Foi um dos maiores vultos da intelectualidade portuguesa, tantas vezes ignorado ou esquecido.
Na verdade, com ele o universo cultural da matemática portuguesa ganhou uma nova dimensão. Distinto professor universitário impulsionou os estudos de Econometria em Portugal, fundou a “Gazeta da Matemática” e criou o Centro de Estudos de Matemáticas Aplicadas à Economia. Fundou igualmente a Universidade Popular Portuguesa e a Biblioteca Cosmos em 1941.
Possui uma obra notável, entre as quais os “Conceitos Fundamentais da Matemática”, obra publicada pela pioneira Biblioteca Cosmos.
Para além de ilustre matemático foi um resistente antifascista e militante comunista. A criação do Estado Novo levou-o a intensificar a actividade política. Lutou pela liberdade e a democracia, nunca abdicando dos seus ideais. Direccionou toda a sua actividade intelectual e cívica para a cultura integral do individuo. Foi um semeador de Cultura e Cidadania. Faleceu em 1948, em Lisboa.

sábado, 16 de abril de 2016

Rovisco Duarte é o novo Chefe de Estado-Maior do Exército

Um "filho adotivo” de Vendas Novas tomou posse ontem como chefe máximo do Exército Português. Felicidades!
A este propósito transcreve-se a nota publicada no facebook institucional do Município de Vendas Novas:

" MUNICÍPIO CONGRATULA-SE COM A NOMEAÇÃO DO GENERAL ROVISCO DUARTE PARA CHEFE DE ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO
O Município de Vendas Novas congratula-se com a nomeação de Frederico José Rovisco Duarte para Chefe de Estado-Maior do Exército, bem como a sua promoção ao posto de General.
Rovisco Duarte nasceu em Alpalhão mas desde 1982, altura em que contraiu matrimónio, que vive em Vendas Novas, cidade onde ainda reside, juntamente com a família.
O seu percurso militar está intimamente ligado à antiga Escola Prática de Artilharia, onde desempenhou vários cargos, entre eles o de Comandante da unidade. É Diretor Honorário da Arma de Artilharia e nessa qualidade cometeu ao Regimento de Artilharia nº 5 a responsabilidade pela herança cultural da Arma de Artilharia.
Como forma de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido na unidade militar da cidade, o Município de Vendas Novas atribuiu-lhe, em 2015, a medalha de Mérito Municipal, grau de ouro.
Da sua vida profissional, salientamos o cargo de chefe de gabinete do Chefe do Estado-Maior do Exército, que desempenhou entre fevereiro de 2010 e novembro de 2012, passando em seguida para as funções de diretor coordenador do Estado-Maior do Exército, até setembro de 2013. De outubro desse ano a junho de 2015 foi Comandante da Instrução e Doutrina do Exército e, presentemente, era Inspetor-Geral do Exército. Na European Rapid Operational Force (EUROFOR - Florença, Itália) foi oficial da Repartição de Apoios Táticos (Artilharia e Aviação do Exército). Em junho passado foi condecorado, pelo anterior Presidente da República, com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis, na cerimónia do Dia de Portugal.
O Município de Vendas Novas endereça ao General Rovisco Duarte as maiores felicitações e sinceros votos de sucesso."