O equinócio da primavera está quase a chegar e, assim, começa mais uma Primavera no Hemisfério Norte. O Observatório Astronómico de Lisboa (OAL) diz-nos tudo sobre o assunto:
"Em 2015 o Equinócio da Primavera ocorre no dia 20 de Março às 22h45min. Este instante marca o início da Primavera no Hemisfério Norte. Esta estação prolonga-se por 92,75 dias até ao próximo Solstício que ocorre no dia 21 de Junho às 17h38min. Os instantes estão referenciados à hora legal.
Sobre a duração igual das noites no equinócio, na realidade, não é bem assim… Os equinócios estão definidos como o instante em que o ponto central do sol passa no equador e, por isso, o centro solar nasce no ponto cardeal Este e põe-se exactamente a Oeste, encontrando-se durante 12 horas acima do horizonte matemático em qualquer lugar da Terra nestes dias.
Equinócio: instante em que o Sol, no seu movimento anual aparente, passa no equador celeste. A palavra de origem latina aequinoctium agrega o nominativo aequus (igual) com o substantivo noctium, genitivo plural de nox (noite). Assim significa “noite igual” (ao dia), pois nestas datas dia e noite têm igual duração, tal é a ideia que permeia a sociedade.
Contudo este facto não resulta numa duração do dia solar de 12 horas, pois a luz directa no chão surge quando o bordo superior do sol nasce, tal como desaparece no ocaso, e o sol tem um diâmetro aparente de 32′ (minutos de arco). Além disso há refracção atmosférica: quando o bordo superior está no horizonte o centro do sol encontra-se ≈50′ abaixo do horizonte, mais do que o seu diâmetro.
Com estas condições físicas e devido ao movimento da translação terrestre, logo no dia 17 de Março de 2015 haverá 12,00 horas com luz solar directa no solo. Nesse dia o disco solar nasce às 6h 46min e põe-se às 18h 45min em Lisboa, muito próximo das 12h certas."
http://oal.ul.pt/equinocio-da-primavera-2015/
Também hoje ocorreu um eclipse total do Sol que foi visível como eclipse parcial em todo o território português. O eclipse total foi apenas visível no extremo norte do oceano Atlântico, nas Ilhas Faroé, Svalbard e região Ártica.
Mais informações também no site do OAL, aqui.
Mas não ficamos apenas pelo eclipse solar. O OAL diz-nos mais:
"Para além do eclipse solar de 20/03/2015 há dois outros fenómenos astronómicos que concorrem para a formação de supermarés. No dia anterior ao eclipse a Lua estará no ponto orbital mais próximo da Terra, o perigeu, o que aumenta a força diferencial δfL que exerce à superfície da Terra. Por outro lado, o eclipse é no dia do equinócio da Primavera, quando o Sol e a Lua estão no equador celeste e ambos δfL e δfS aumentam, pois a distância ao eixo de rotação do planeta é máxima nas localidades no equador.No dia 19 de março às 19h38m a Lua estará no perigeu, no dia 20 de março há máximo do eclipse às 9h01m com a Lua Nova às 9h36m e o instante do equinócio às 22h45m. Esta coincidência acontecerá novamente no eclipse total do Sol a 20 de Março de 2034, no equinócio e próximo do perigeu lunar.Com esta conjunção de fatores, a amplitude das marés será a maior do ano: uma supermaré. A situação de supermarés manter-se-á durante o período de 19 a 23 de março. " http://oal.ul.pt/supermare-de-marco2015/
E para finalizar celebremos a entrada na Primavera com poesia:Equinócio
Chega-se a este ponto em que se fica à espera
Em que apetece um ombro o pano de um teatro
um passeio de noite a sós de bicicleta
o riso que ninguém reteve num retrato
Folheia-se num bar o horário da Morte
Encomenda-se um gin enquanto ela não chega
Loucura foi não ter incendiado o bosque
Já não sei em que mês se deu aquela cena
Chega-se a este ponto Arrepiar caminho
Soletrar no passado a imagem do futuro
Abrir uma janela Acender o cachimbo
para deixar no mundo uma herança de fumo
Rola mais um trovão Chega-se a este ponto
em que apetece um ombro e nos pedem um sabre
Em que a rota do Sol é a roda do sono
Chega-se a este ponto em que a gente não sabe
David Mourão-Ferreira
Primavera
As heras de outras eras água pedra
E passa devagar memória antiga
Com brisa madressilva e primavera
E o desejo da jovem noite nua
Música passando pelas veias
E a sombra da folhagem nas paredes
Descalço o passo sobre os musgos verdes
E a noite transparente e distraída
Com seu sabor de rosa densa e breve
Onde me lembro amor de ter morrido
- Sangue feroz do tempo possuído
Sophia de Mello Breyner Andresen
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