quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Cante Alentejano

Para um alentejano, o dia de hoje é de uma enorme alegria e satisfação, mesmo que no Alentejo de que sou originário o cante tenha pouca expressão. Mas o cante tem aquela marca identitária que nos transporta a uma dimensão emocional que não podemos ficar indiferentes.
Pelo que rezam as crónicas, bastaram 5 minutos para a UNESCO aprovar, esta manhã, em Paris, o Cante Alentejano como património cultural imaterial da humanidade.  A representação portuguesa presente na sala da UNESCO abraçou-se emocionada (sem a presença do secretário de Estado da Cultura) e Paris ouviu os alentejanos de Serpa (mas parece que nem tudo correu bem!*).
Às 11h17 em Paris (10h17 em Portugal) a inscrição do Cante Alentejano foi finalmente efectuada na lista do património cultural imaterial da UNESCO, culminando cerca de 15 anos de trabalho, que nesta candidatura teve como promotores a Câmara Municipal de Serpa e a Entidade Regional de Turismo/ Agência de Promoção do Alentejo. 
A candidatura do Cante Alentejano foi considerada “exemplar” pelo órgão de avaliação da UNESCO – cujos membros se declararam “unânimes sobre a qualidade desta candidatura”. Nesta área, o cante é a terceira nomeação portuguesa a ser consagrada internacionalmente pela UNESCO, depois do fado em 2011 (precisamente há 3 anos), e da dieta mediterrânica em 2013 (uma candidatura apresentada em conjunto com Espanha, Marrocos, Itália, Grécia, Chipre e Croácia).

Para o cantor alentejano Vitorino É de salientar a importância destas duas candidaturas, a do fado e esta”, disse o cantor em declarações ao jornal Público, em Paris, não faltando assim a este significativo momento. “O fado é muito solitário e individual. O cante é uma expressão colectiva – ele implica entre 18 e 30 vozes. É inclusiva. É muito atenta ao movimento social.” Vitorino acredita que o reconhecimento do cante como património da humanidade “vai eternizá-lo”. Vamos pensar que sim, contudo, uma simples classificação sem um trabalho profundo aglutinador de todos os agentes (grupos corais, escolas, autarquias, entidades culturais...) pode valer de muito pouco. O fado fez isso.
Para já, e independentemente da decisão  tomada pela UNESCO, a candidatura criou uma dinâmica regional e local que trouxe uma vitalidade ao cante alentejano, com o aparecimento de novos grupos, muitos deles compostos por jovens, e grande visibilidade mediática inédita. Actualmente existem mais de 150 grupos de cante, por isso, mão à obra, que certamente existem condições para prosseguir as palavras de Vitorino.
* Do Diário do Alentejo On-line, por Paulo Barriga: "Os cantadores de Serpa estão em Paris para subir ao palanque grande da Unesco. Mas vieram de autocarro desde a margem esquerda do Guadiana. Os cantadores de Serpa estão na cidade luz, mas apenas viram a luz da cidade pelas janelas foscas da camioneta. Os cantadores de Serpa são as estrelas da companhia, mas não têm dignidade para serem convidados para a receção que o senhor embaixador dá hoje em sua casa, precisamente a propósito do cante poder vir a ser inscrito na lista do património cultural imaterial da Humanidade. Os cantadores de Serpa dormem num pardieiro a mais de uma hora de Paris, enquanto os convidados do senhor embaixador pernoitem nos hotéis de várias estrelas das zonas “bien” da cidade. Os cantadores de Serpa, todos os cantadores, apenas ficam bem na fotografia, principalmente se nela, na fotografia, couberem os convidados do senhor embaixador e, já agora, ele próprio. De resto, os cantadores, os de Serpa e todos os outros, são um perfeito empecilho quando não estão a cantar ou quando não estão a ser fotografados ao lado daqueles que ainda pensam que são os donos do cante. Quando o cante, já se disse, tem um legítimo detentor: os grupos corais. Que continuam a cantar, mesmo depois de passarem dias inteiros dentro de um autocarro, dormirem num tugúrio ou ficarem à porta do senhor embaixador. É assim a natureza de quem canta. Do fundo do coração"


terça-feira, 25 de novembro de 2014

Leão da Estrela

A 25 de Novembro de 1947 estreava em Lisboa o inconfundível e inesquecível filme português, o Leão da Estrela. Para desanuviar lembramos esta data, quanto mais não seja para celebrar a vitória de hoje do SCP sobre a equipa eslovena do Maribor, por 3-1, numa partida muito importante da Liga dos Campeões.


domingo, 23 de novembro de 2014

Carlos do Carmo

Carlos do Carmo é um ser humano de uma enorme simplicidade e invulgar grandeza. Por estes dias recebeu o Grammy Latino Carreira. Na cerimónia, que decorreu em Las Vegas, Carlos do Carmo foi apresentado como um artista que ao longo de mais de 50 anos de carreira levou o fado a diversas parte do mundo e que contribuiu para colocar este género musical na lista de Património Imaterial da Humanidade da UNESCO em 2011.
Nunca outro português foi alvo de semelhante reconhecimento internacional. Na cerimónia falou de improviso, na sua língua materna, o português. Agradeceu de forma particular à sua família, mas teve a humildade de dedicar o prémio a todos os portugueses. Mais uma vez colocou o seu trabalho, a sua grandiosidade, o seu talento na rota dos outros. Sem dúvida um Grande Português, que nos reconforta, que nos emociona e que nos deixa aquele sentimento de orgulho em sermos portugueses. Fazem-nos falta mais Carlos!
A Rádio Comercial e vários artistas portugueses prestaram-lhe uma mais que merecida homenagem, através deste excelente video:


E ainda, um Homem na Cidade:

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Dia Europeu do Engenheiro


"E um Mundo sem Engenharia? Já Pensaste como Seria?”

"Nós, engenheiros, já! Por isso aqui estamos, para te mostrar como esta área é fundamental para o bem-estar da Humanidade, para a preservação do Planeta e para o desenvolvimento do nosso País!”

São estas as ideias fundamentais que envolvem a campanha que a Ordem dos Engenheiros (OE) lançou hoje, 20 de Novembro, Dia Europeu do Engenheiro.

Com esta campanha a OE pretende "suscitar o interesse e estimular os jovens para a área das ciências e tecnologias, na qual a Engenharia se insere, criando neles a curiosidade para descobrirem um pouco mais sobre este mundo e, especialmente, sobre a Engenharia!"


quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Uma frase

"...Sofremos por conta de uma porção de malandros e safados...", Van Gogh numa carta para o irmão
(das citações de António Lobo Antunes)

domingo, 9 de novembro de 2014

Faraway so close

Muros caídos...
Esperanças mortas num vazio da razão libertária,
Democracias prostradas...
Órfãos numa amálgama de cadáveres europeus egoístas.


Há muros que desabam num mundo restrito, o nosso, de forma abrupta! Lembro-me bem, cinco anos depois, já passava das cinco da tarde e zás, como pedaços de “betão e tijolo” começaram a despenhar-se sobre a minha cabeça. As feridas cá continuam, até ao fim,,,
Ficam coisas…mas uma imensa saudade!

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Uma questão que ultrapassa a má-fé

Hoje a questão aqui trazida é para mim inexplicável, absolutamente revoltante. Não vi muito escrito sobre isto, que no mínimo devia ser motivo de indignação geral. O texto de José Pacheco Pereira, que reproduzo em parte, coloca "o dedo na ferida" - o roubo aos trabalhadores do Metro de Lisboa com reformas antecipadas é um abuso e representa uma quebra de confiança nas instituições e que ultrapassa em muito a simples má-fé.

"Se há causa a que eu adiro sem reservas é a dos trabalhadores com reformas antecipadas do Metro de Lisboa, que viram as suas reformas cortadas unilateralmente do complemento  que a empresa lhes atribuiu para os incentivar a reformar-se. Não se espantem, parece uma causa laboral como as outras, mas é mais do que as outras. É diferente.

Não é uma questão de “direitos adquiridos”, embora também o seja. Não é uma questão do cumprimento dos contratos livremente feitos, do sacrossanto princípio jurídico do pacta sunt servanda, embora também o seja. Não é questão de justiça social, embora também o seja. Não é sequer uma questão de austeridade, de repartição de sacrifícios, de acabar com uma situação de privilégios numa empresa pública. É uma causa cívica em que está em jogo um princípio moral que deveria ser a base da nossa sociedade democrática: a boa-fé. 

Um dos piores dos meus anátemas contra este Governo é exactamente a destruição dessa boa-fé, como se fosse o acto mais normal do mundo, como quem respira, sem pensar duas vezes, até sem atenção, nem sequer preocupação pelos efeitos não apenas nas vítimas dos seus actos, mas no tecido social e nos laços que unem as pessoas numa sociedade civilizada e numa democracia em que todos somos proprietários e penhores do mesmo poder. Este à-vontade e esta indiferença pelo que é e significa a boa-fé vai ficar como uma mancha para o presente e para o futuro no tónus moral destes tempos. ..."
Artigo completo aqui (Abrupto)