sábado, 20 de fevereiro de 2016

Eco (s)

“O Riso liberta o vilão do medo do diabo, porque na festa dos tolos o Diabo aparece pobre e tolo, portanto controlável. Mas este livro poderia ensinar que libertar-se do medo do diabo é a sapiência. Quando ri, enquanto o vinho lhe borbulha na garganta, o vilão sente-se senhor, porque subverteu as relações de senhoria: mas este livro poderia ensinar aos doutos os enigmas argutos, e a partir daquele momento ilustres, com que legitimar a subversão. Então transformar-se-ia em operação do intelecto aquilo que no gesto irreflectido do vilão é ainda e felizmente operação do ventre. Que o riso seja próprio do homem é sinal dos nossos limites de pecadores. Mas deste livro quantas mentes corruptas como a tua extrairiam o extremo silogismo, pelo o qual o riso é a finalidade do homem! O riso, desvia, por alguns instantes, o vilão do medo. Mas a lei impõe-se através do medo, cujo verdadeiro nome é temor de Deus. E deste livro poderia partir a centelha luciferina que transmitiria ao mundo inteiro um novo incêndio: e o riso designar-se-ia como a arte nova, ignorada até de Prometeu, para anular o medo.”
Umberto Eco, O Nome da Rosa. 1980


A melhor homenagem que fazemos a um escritor é ler os seus livros. Umberto Eco, uma das grandes figuras da cultura europeia partiu ontem, aos 84 anos, mas deixou-nos um vasta e brilhante obra.Aqui ficam alguns exemplos:
Romances
·        O nome da rosa (Il nome della rosa, 1980) (Prêmio Médicis, livro estrangeiro na França);
adaptação cinematográfica de Jean-Jacques Annaud, com Sean Connery e Christian Slater nos papéis principais;
·        O Pêndulo de Foucault (livro) (Il pendolo di Foucault,1988);
·        A ilha do dia anterior (L'isola del giorno prima, 1994);
·        Baudolino (Baudolino, 2000);
·        A misteriosa chama da rainha Loana (La misteriosa fiamma della regina Loana 2004).
·        O Cemitério de Praga (Il cimitero di Praga), 2011
·        O número zero (Numero zero), 2015
 Ensaios
Obras nas áreas de filosofiasemióticalinguística, estética, traduzidas para a língua portuguesa:
·        Obra aberta (1962)
·        Diário mínimo (1963)
·        Apocalípticos e integrados (1964)
·        A definição da arte (1968)
·        A estrutura ausente (1968)
·        As formas do conteúdo (1971)
·        Mentiras que parecem verdades (1972) (co-autoria de Marisa Bonazzi)
·        O super-homem de massa (1978)
·        Lector in fábula (1979)
·    A semiotic Landscape. Panorama sémiotique. Proceedings of the Ist Congress of the International Association for Semiotic Studies (1979) (co-autoria de Seymour Chatman e Jean-Marie Klinkenberg).
·        Viagem na irrealidade cotidiana (1983)
·        O conceito de texto (1984)
·        Semiótica e filosofia da linguagem (1984)
·        Sobre o espelho e outros ensaios (1985)
·        Arte e beleza na estética medieval (1987)
·        Os limites da interpretação (1990)
·        O signo de três (1991*) (co-autoria de Thomas A. Sebeok)
·        Segundo diário mínimo (1992)
·        Interpretação e superinterpretação (1992)
·        Seis passeios pelos bosques da ficção (1994)
·        Como se faz uma tese (1995*)
·        Kant e o ornitorrinco (1997)
·        Cinco escritos morais (1997)
·        Entre a mentira e a ironia (1998)
·        Em que creem os que não creem? (1999*) (co-autoria de Carlo Maria Martini)
·        A busca da língua perfeita (2001*)
·        Sobre a literatura (2002)

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