“O Riso liberta o vilão do medo do diabo, porque na
festa dos tolos o Diabo aparece pobre e tolo, portanto controlável. Mas este
livro poderia ensinar que libertar-se do medo do diabo é a sapiência. Quando
ri, enquanto o vinho lhe borbulha na garganta, o vilão sente-se senhor, porque
subverteu as relações de senhoria: mas este livro poderia ensinar aos doutos os
enigmas argutos, e a partir daquele momento ilustres, com que legitimar a
subversão. Então transformar-se-ia em operação do intelecto aquilo que no gesto
irreflectido do vilão é ainda e felizmente operação do ventre. Que o riso seja
próprio do homem é sinal dos nossos limites de pecadores. Mas deste livro
quantas mentes corruptas como a tua extrairiam o extremo silogismo, pelo o qual
o riso é a finalidade do homem! O riso, desvia, por alguns instantes, o vilão
do medo. Mas a lei impõe-se através do medo, cujo verdadeiro nome é temor de
Deus. E deste livro poderia partir a centelha luciferina que transmitiria ao
mundo inteiro um novo incêndio: e o riso designar-se-ia como a arte nova,
ignorada até de Prometeu, para anular o medo.”
Umberto Eco, O Nome da Rosa. 1980
A melhor homenagem que fazemos a um escritor é ler os seus livros. Umberto Eco, uma das grandes figuras da cultura europeia partiu ontem, aos 84 anos, mas deixou-nos um vasta e brilhante obra.Aqui ficam alguns exemplos:
Romances
·
O nome da
rosa (Il nome della
rosa, 1980) (Prêmio Médicis, livro estrangeiro na França);
adaptação cinematográfica de Jean-Jacques Annaud, com Sean Connery e Christian
Slater nos papéis principais;
·
O Pêndulo de Foucault (livro) (Il pendolo di Foucault,1988);
·
A ilha do dia anterior (L'isola del giorno prima, 1994);
·
Baudolino (Baudolino, 2000);
·
A misteriosa chama da rainha Loana (La misteriosa fiamma della regina Loana 2004).
·
O Cemitério de Praga (Il cimitero di Praga), 2011
·
O número zero (Numero zero), 2015
Ensaios
Obras nas áreas de filosofia, semiótica, linguística,
estética, traduzidas para a língua portuguesa:
·
Obra aberta (1962)
·
Diário mínimo (1963)
·
Apocalípticos e integrados (1964)
·
A definição da arte (1968)
·
A estrutura ausente (1968)
·
As formas do conteúdo (1971)
·
Mentiras que parecem
verdades (1972) (co-autoria de Marisa Bonazzi)
·
O super-homem de massa (1978)
·
Lector in fábula (1979)
· A semiotic Landscape.
Panorama sémiotique. Proceedings
of the Ist Congress of the International Association for Semiotic Studies (1979) (co-autoria de Seymour Chatman
e Jean-Marie
Klinkenberg).
·
Viagem na irrealidade
cotidiana (1983)
·
O conceito de texto (1984)
·
Semiótica e filosofia da linguagem (1984)
·
Sobre o espelho e outros
ensaios (1985)
·
Arte e beleza na estética
medieval (1987)
·
Os limites da interpretação (1990)
·
O signo de três (1991*) (co-autoria de Thomas A. Sebeok)
·
Segundo diário mínimo (1992)
·
Interpretação e
superinterpretação (1992)
·
Seis passeios pelos bosques
da ficção (1994)
·
Como se faz uma tese (1995*)
·
Kant e o ornitorrinco (1997)
·
Cinco escritos morais (1997)
·
Entre a mentira e a ironia (1998)
·
Em que creem os que não
creem? (1999*) (co-autoria de Carlo Maria Martini)
·
A busca da língua perfeita (2001*)
·
Sobre a literatura (2002)