A "Madrugada" fez recentemente 40 anos. É indiscutivelmente uma grande canção nos contornos de um tempo que...afinal continua próximo, assumindo novas e duras realidades. Um tema bem a propósito nestes dias!
Nos quarenta anos da sua vitória no
Festival da Canção de 1975, Duarte Mendes e Pedro Madeira deram voz a um dueto
inesperado entre duas gerações. E assim, juntamente com o
pianista Pedro Zagalo, se recreou "Madrugada", de José Luís Tinoco (letra e música).
Gravado por: Diogo Lavado
Edição: Pedro Madeira
Produção: Pedro Madeira
Edição: Pedro Madeira
Produção: Pedro Madeira
"Madrugada"
Dos que morreram sem saber porquê
Dos que teimaram em silêncio e frio
Da força nascida no medo
E a raiva à solta manhã cedo
Fazem-se as margens do meu rio.
Das cicatrizes do meu chão antigo
E da memória do meu sangue em fogo
Da escuridão a abrir em cor
Do braço dado e a arma flor
Fazem-se as margens do meu povo
Canta-se a gente que a si mesma se descobre
E acorda vozes arraiais
Canta-se a terra que a si mesma se devolve
Que o canto assim nunca é demais
Em cada veia o sangue espera a vez
Em cada fala se persegue o dia
E assim se aprendem as marés
Assim se cresce e ganha pé
Rompe a canção que não havia
Acordem luzes nos umbrais que a tarde cega
Acordem vozes e arraiais
Cantem despertos na manhã que a noite entrega
Que o canto assim nunca é demais
Cantem marés por essas praias de sargaços
Acordem vozes, arraiais
Corram descalços rente ao cais, abram abraços
Que o canto assim nunca é demais
O canto assim nunca é demais
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