Manuel Maria de Barbosa l'Hedois du Bocage nasceu em Setúbal a 15
de Setembro de 1765 (por esse motivo é feriado municipal neste dia),
tendo falecido, em Lisboa, a 21 de
Dezembro de 1805.
Era filho
do bacharel José Luís Soares de Barbosa, juiz de fora, ouvidor, e
depois advogado, e de D. Mariana Joaquina Xavier L'Hedois Lustoff du
Bocage, cujo pai era o Almirante francês Gil Hedois du Bocage, que chegara
a Lisboa em 1704, para reorganizar a Marinha de Guerra Portuguesa.
Faz hoje 250 anos sobre o seu nascimento, uma data
"redonda" que foi assinalada com o hastear da bandeira
no edifício da Câmara Municipal de Setúbal, dando assim o"pontapé de
saída" de umas comemorações que se vão prolongar por todo o ano na cidade
do Sado (não só), com um programa
de comemorações que inclui colóquios, cinema, teatro, sessões de poesia e
lançamentos de livros, entre outras iniciativas.
O objectivo é dar a conhecer Bocage, no fundo trazer o poeta para o século XXI, com o intuito de contrariar os estereótipos à sua volta, divulgando e
internacionalizando a obra de um poeta que Daniel Pires, presidente
de Centro de Estudos Bocageanos, compara a
Camões e Pessoa. Nas palavras deste especialista e comissário das
comemorações, Bocage foi um "poeta e pessoa da transgressão", e
explica que Bocage "transgrediu quer literariamente quer no seu
quotidiano, frequentando a boémia, optando pelos valores da revolução francesa,
criticando o chamado 'antigo regime' da época e daí ter estado encarcerado
várias vezes".
Também a Biblioteca Nacional se vai associar às comemorações, evocando o poeta, o tradutor, o dramaturgo e o cidadão, com a Exposição "Da inquietude à transgressão: eis Bocage…" patente ao público de 17 de Setembro a 31 de Dezembro 2015.
Auto retrato
Magro, de olhos azuis, carão moreno,
- Bem servido de pés, meão na altura,
- Triste de facha, o mesmo de figura,
- Nariz alto no meio e não pequeno;
- Incapaz de assistir num só terreno,
- Mais propenso ao furor do que à ternura;
- Bebendo em níveas mãos, por taça escura,
- De zelos infernais letal veneno;
- Devoto incensador de mil deidades
- (Digo, de moças mil) num só momento,
- E somente no altar amando os frades,
- Eis Bocage, em quem luz algum talento;
- Saíram dele mesmo estas verdades,
- Num dia em que se achou mais pachorrento.
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- — Bocage
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